2019 (1997-2017)

Olá!

Este último ano foi incrível.

Tanto para ambas as partes duais que me cerceiam, quanto para ambas as pluralidades que se apresentam.

Então uma estranheza demorou-se aqui, principalmente entre 1997 e 2017. Deixe-me explicar.

O livro inicialmente era denso. Em aproximadamente 445 páginas de entulho emocional, a vida escorria nas minhas mãos, e como sádico que eu era, utilizei esta tática como terapia. Fiquei vinte anos ruminando aquelas páginas. Fui revisionista das emoções e da escrita que se apresentava, dia a dia.

Como toda ferida aberta que necessita de cicatrização, eu comandei todo aquele processo de primeira, segunda e terceira intenções. Porém, a linha traçada, aparentemente em uma reta, nada mais era que uma caminhada circular. Um círculo sem fim estava determinado. Logo, quando acordei deste interminável episódio, eu me cansei.

De fato me cansei. Pensei incontáveis vezes em queimar tudo. Aquela montoeira de papel me causava uma estranheza tão íntima que eu não tinha coragem de expô-las. Sabe aqueles vícios mais internos, em que o segredo sacia aquela estranheza? Como todo vício, inicialmente aquele prazer arrebatador se transforma em dor, em anestesia. Eu parecia um estranho no mundo. Além disso, sentia-me um verdadeiro covarde.

Em 2014 fui tomado por uma coragem genuína, um poder interior que teve seu ápice em 2015. Um sentimento verdadeiro de acreditar, de validação. Entre as recorrentes recaídas, as páginas aumentavam e uma ansiedade se estabeleceu como companheira. Eu queria publicar o livro em sua totalidade e a inspiração cotidiana aumentava consideravelmente a produção. Percebi um momento criativo que perdurou por mais dois anos.

Em meados de 2017 tive a decisão de publicar aquele livro. Questões pessoais, administrativas, técnicas e financeiras surgiram como novas barreiras. E aquela estranheza surgiu repentinamente. Tão clássica na poesia, essa estranheza tão próxima me afastava da vida objetiva. Inúmeras pessoas poéticas - famosas e anônimas - enunciaram sobre esse sentimento que outrora se repete nas almas inquietas. Nesta hora, impus ao meu eu criativo que organizasse melhor suas atividades. Então usei essa estranheza ao meu favor, mas com o pêndulo enviesado para o outro lado. 

Extasiado, decido utilizar essas duas vidas, subjetiva e objetiva. Ali nascia um processo de decupagem de tudo o que eu havia escrito até aquele momento. Tive a incrível (trabalhosa!) ideia de dividir o livro em capítulos com temas afins, e percebi que estes capítulos poderiam ser avulsos. Em meio ao caos instaurado, publico em 2019 de forma independente aquele agregado de páginas que se tornaria três livros.

Resumidamente, este foi o nascimento de Dial, Gris e Raízes minutas. Obras trigêmeas, pode-se chamar de antologia, coletânea ou trilogia. Chame-as do que quiser.

Eu sei que elas vieram do mesmo ventre.

Por isso eu repito que este último ano foi incrível.


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